sábado, fevereiro 25, 2006

Apaixonadamente belo...

Há 3 dias atrás, pela manhãzinha, uma amiga muito especial mandou-me a mensagem mais bonita que alguma vez recebi. Instantaneamente lágrimas escorreram pela minha face, deixando esboçar repentinamente um sorriso de felicidade!
Senti-me como que acompanhada em pensamento... Era capaz até de a abraçar e senti-la realmente a ser envolvida pelos meus braços num eterno gesto de ternura e amizade...
Foi apaixonadamente belo o nosso momento espiritual!

"Frio gélido tocando-me na face retraída,
O luar que insiste em mostrar-me que estou viva,
O mar que me canta palavras que só eu entendo...
Lá ao fundo o sol vai surgindo lentamente
Como que timidamente pedindo para também fazer parte do cenário
Porque também ele é beleza!
E no fim só falta uma coisa...
Tu do meu lado para, sem falar uma só palavra,
Partilhar-mos e enterder-mos
A maravilha do mundo!"

Diva Gregório, 22 de Fevereiro de 2006

Amiga, tu fazes-me ver a vida com outros olhos... é bom estar acordada em tua companhia!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Sensualidade


“- Sem voz ficas com um ar ainda mais sensual.”

Esta expressão deu-me que pensar.
Não é que eu não concorde que alguém sem voz não possa ser sensual.
A sensualidade é algo que é libertado pela pele, que pode congelar através de um olhar ou até mesmo petrificar com o andar.

Mas a sensualidade torna-se ainda mais interessante se a fluidez das palavras conquistar. A forma como se fala, como se exprime, os gestos que se utiliza. Tudo isto compilado é raro mas existe.Talvez quando não se tem voz uma pessoa tenha que se expressar melhor através do olhar ou dos gestos. E uma coisa é certa, os olhos e os gestos também têm voz.

A sensualidade é para mim uma energia instintiva que flui no sangue de todo o ser humano. Só que alguns estão de tal forma humanizados e controlam tanto os instintos que nem se apercebem que a vida poderia ser bem mais interessante se libertassem os seus desejos.

sábado, fevereiro 18, 2006

Todos somos escravos

"Não há razão, caro Lucílio, para só buscares amigos no foro ou no senado: se olhares com atenção encontrá-los-ás em tua casa. Muitas vezes um bom material permanece inutilizado por falta de quem o trabalhe. Tenta, pois, e vê o resultado. Tal como é estupidez comprar um cavalo inspeccionando, não o animal, mas sim a sela e o freio, assim é o cúmulo da estupidez julgar um homem pela roupa ou pela condição social, que, de resto, é tão exterior a nós como a roupa. «É um escravo». Mas pode ter alma de homem livre. «É um escravo». Mas em que é que isso o diminui? Aponta-me alguém que o não seja: este é escravo da sensualidade, aquele da avareza, aquele outro da ambição, todos são escravos da esperança, todos o são do medo.

Posso mostrar-te um antigo cônsul sujeito ao mando de uma velhota, um ricalhaço submetido a uma criadita, posso apontar-te jovens filhos de nobilíssimas famílias que se fazem escravos de bailarinos: nenhuma servidão é mais degradante do que a voluntariamente assumida. Aí tens a razão por que não deves deixar que os nossos tolos te impeçam de seres agradável para com os teus escravos, em vez de os tratares com altiva superioridade. É preferível inspirar respeito do que medo. (...) Quem é respeitado é também amado, ao passo que o amor nunca pode ir de par com o medo."


Séneca, em "Cartas a Lucílio"

Nunca se deve julgar alguém de ânimo leve, muito menos apenas pelo seu aspecto exterior.
A meu ver, quanto à questão do respeito versus medo, tudo aponta para que já naquela altura se acreditasse que a inteligência e a razão seriam os instrumentos necessários para que a crueldade se fosse suavizando e que um homem tratando um seu semelhante como tal, aos olhos do próximo fosse visto sempre como uma pessoa de bom trato.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Insignificancia

Hoje estou estranhamente triste…
Não porque não seja triste.
Mas porque tomei, de manhã, ao pequeno-almoço,
Acompanhada de um café fraco,
A consciência da minha insignificância.

E ela paira por entre palavras ditas
Ignoradas por ninguém,
Por entre expressões fabricadas
Em sentimentos incompreendidos…

E eu passo por baixo dela,
Com carros que traçam linhas voando
E pessoas que em si mesmas tropeçando caminham…
E o sol que todas os noites nasce
E a lua que todos os dias se deita.

E vejo. E olho. Observo…
Sinto-me estranhamente incomodada.
E tomei ao pequeno-almoço
Acompanhada de um café fraco e um pão duro
A consciência da verdadeira insignificância
Que de tão importante é engenhosamente escondida.

29 de Novembro de 2003

É incrível como as coisas se mantêm estáticas como que congeladas e perdidas algures entre os segundos que decorrem incorrigíveis...
Durante semanas seguidas, todos os dias, à mesma hora apanhava eu o mesmo comboio. As mesmas pessoas, as mesmas posições, as mesmas disposições.
Hoje, retomei a rotina...
As mesmas caras e a sempre presente indiferença. O mesmo casal de fumadores que espera pelo sinal do comboio para se sentar na terceira fila de bancos de costas para Lisboa (será tal representativo da sua pouca vontade de partir e de deixar aquilo que construíram?), o mesmo par de estudantes, que entra em estações diferentes, sentado na segunda fila de frente para Lisboa e de costas para Cascais (será isto a sua vontade de largar asas e fugir para o que ainda há de vir, esquecendo aquilo que deixaram para trás?) e eu de livro no mão, alternando pequenos parágrafos com longos momentos de paisagem inquieta (será a minha persistente mania de me deixar levar pelo imaginário da realidade que observo?). Reparo que falta a senhora gorda do tricot (pergunto-me se lhe terá acontecido alguma coisa) e que ninguém parece sequer ter reparado anteriormente nela.
Tudo no mesmo lugar.
Tudo na mesma indiferença.
Tudo na mesma insignificância.

sábado, fevereiro 11, 2006

Um ano que passou...

De todas as coisas que já passamos, este momento foi aquele que mais me marcou e, portanto, aqui fica o primeiro poema que te fiz para recordarmos novamente (sim, é inteiramente verdade que os meus poemas não rimam)....

Bato à tua "porta"!...
Bato suave, mas insistentemente.
Abres-me a "porta"?...
Por favor,
Não te feches no casulo
Das tuas defesas pseudo-autoprotectoras,
Mantendo-me a uma distância segura...
Não te tranques por dentro,
Porque não poderei entrar,
Se não fores tu a abrir o cadeado do teu coração...

No meio da multidão que me cerca,
Sinto-me só!...
Talvez tu, no fundo,
Também te sintas um pouco só!

O que tenho para te oferecer?
Tenho:
. a oferenda do meu "eu" mais honesto, através da mais honesta auto-revelação;
. o melhor de mim própria, da minha essência, sem disfarces ou hipocrisias;
. uma sincera preocupação em relação a ti através de um genuíno interesse e cuidado;
. a necessidade de te fazer acreditar no teu valor, e te ajudar a seres, cada vez mais, tu próprio;
. o meu empenho na tua felicidade e realização pessoal;
. carradas de aceitação, sinceridade e honestidade;
. uma imensa confiança, assente na verdade e na autenticidade;
. montanhas de compreensão e respeito pela tua personalidade, pela tua individualidade, pela tua peculiaridade;
. toneladas de carinho;
. rios de ternura e cumplicidade;
. bondade, entrega e alegria, numa doçura infinita;
. uma profunda comunicação, como sangue vital do amor;
. a "divisão" dos fardos da vida, ao compartilhá-los;
. muito amor que liberta, encoraja e desafia, estimulando-te carinhosamente...

Quem sou eu?
Uma pessoa muito simples,
Sem importância de maior,
Mas humilde e verdadeira
Com um coração para partilhar...e muito para dar.

O que procuro em ti?... Contigo?
"Apenas"...
. o esboço alegre de um sorriso;
. um pouco de ternura, nascida da tua simplicidade e humildade;
. um olhar carinhoso que venha do coração;
. o som da tua voz quente e serena, carregada de calor humano;
. alguma dose de aceitação;
. um pedacinho de compreensão;
. um sentimento de terna confiança;
. a tua capacidade de escutar empaticamente;
. a tua palavra, carregada de amizade;
. o teu silêncio...
. o teu abraço...
. o teu beijo...

Será pedir demais?...
Porque é que te peço isto?
Porque só tu consegues captar
O meu verdadeiro ritmo,
O movimento profundo da minha personalidade.

É verdade
Que tenho muitas "portas" abertas...
Algumas delas até abertas demais...
Muitos convites para entrar...
Mas, só "em tua casa"
Tenho a sensação de pertencer
E alcançar um lugar chamado "lar".

Não quero:
. apegar-me a ti, como se fosse um objecto;
. arrastar-te, asfixiar-te ou sufocar-te...

Não pretendo:
. apropriar-me do teu coração, controlando-o e manipulando-o como se me pertencesse...

Não tenciono:
. "acorrentar-te", tentando fazer-te mudar...

Quero:
. deixar-te livre como uma borboleta, consciente de que a liberdade é a "mãe" do respeito e da estima verdadeira;
. aproveitar e não deixar perder as migalhas de felicidade que esperam por nós...

Não me proponho invadir:
. a tua privacidade;
. os teus projectos;
. as tuas expectativas;
. os teus planos;
. a tua vida;
. o teu "eu";
. o teu espaço...

Não quero ser dependente de ti!...

Só te peço:
Que me deixes partilhar um pouco
Do teu mundo interior;
Rico e belo como nenhum outro,
Permutando mensagens de conhecimento,
de simpatia, de diálogo, de atracção, de silêncio, de sintonia, de acolhimento, de bondade...

No âmago dos nossos corações,
Que precisam de sentir a vida...
E não apenas viver!...
Respeitando os tempos de cada um.

A vida é encargo pessoal,
Onde cada um deve fazer a sua caminhada
De crescimento pessoal interior/espiritual,
Marcada pela própria vocação...
Mas pode e deve ser um meio de crescimento recíproco...

Porque...
Só posso encontrar
A minha verdadeira liberdade
Nos elos que me ligam a ti...

Dedico este post a ti, meu amor...E que a nossa caminhada dure muito e muito mais! "Oh rui, já te disse que te amo muito?"!

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

O desafio...e que desafio!

Decidi responder ao desafio dos 5Hábitos 5Confissões que a querida Desconhecida me fez e, portanto, aqui deixo algumas das minhas manias mais típicas, alguns defeitos e algumas dependências sem as quais me é difícil viver:

1- Tento comprometer-me todos os dias ao meu passeio matinal para me ajudar durante o resto do dia a focalizar a minha concentração.

2- Lavo constantemente o cabelo. Não suporto sequer pensar que está deslavado ou oleoso. Não aguento odores e mau cheiro.

3- Sou hiper-dependente da Coca cola, seja a que altura do dia for e sempre que posso faço-me acompanhar por uma...E graças a esta, parece que ando sempre uma pilha de nervos ou que tenho bicho carpinteiro.

4- Odeio relógios. Gosto de fazer o meu próprio horário consoante a "posição do sol" e, assim, faz-me fugir à rotina e ao stress mundano. No entanto, não deixo de ser stressada.

5- Devoro filmes, seja de que língua forem, e amo teatro. É me estritamente necessário viver observando filmes, documentários ou teatros minimamente interessantes.

6- Nunca saiu de casa sem um livro e o meu precioso diário na mão ou na mochila... É mesmo já um vício.

7- Faço tudo por um pouco de natureza ou por um momento de paz e sossego na companhia do meu amigo mar.

8- Tento tanto ajudar os outros o mais que eu posso que às vezes me esqueço de mim própria.

9- Pareço uma criança de 5anos, estou sempre a perguntar por tudo e por nada "porquê"... gosto de saber sempre mais e mais e nunca estou satisfeita com a resposta. Sou, portanto, muito curiosa e obstinada.

10- Ahhh claro... não me podia esquecer desta: Adoro comer!!


Como tenho também a mania que sou diferente, decidi fazer 10 hábitos e confissões e não 5.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

O medo de sofrer

"Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras."

Paulo Coelho

Mas a meu ver, ainda é mais revoltante quando o medo de sofrer ainda é maior do que o próprio sofrimento. Nasce, então, aí os muros e as montanhas imaginárias difíceis de contornar. O belo torna-se no trágico, mesmo que esse deslumbramento esteja mesmo à frente dos nossos olhos. Por mais que existam fantasmas que nos importunem, nenhum coração se deve agarrar ao sofrimento, enquanto poderia ir em busca dos seus sonhos.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Reflexões


Vou deixar aqui algumas reflexões, pequenos excertos e opiniões sobre a eutanásia… ideias, cada um cria as suas…

1. Para quem argumenta a favor da Eutanásia, acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho consciente que reflecte uma escolha informada, o término de uma vida em que, quem morre não perde o poder de ser actor e agente digno até ao fim.

São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada ser individual, na alegação do direito à autodeterminação, direito à escolha pela sua vida e pelo momento da morte. Uma defesa que assume o interesse individual acima do da sociedade que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. Eutanásia não defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única.

A escolha pela morte, não poderá ser irreflectida. As componentes biológicas, sociais, culturais, económicas e psíquicas têm que ser avaliadas, contextualizadas e pensadas, de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de influências exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de arrependimento.

Quando o Homem; pai, chefe, cidadão, profissional, músico... passa a ser prisioneiro do seu corpo, dependente na satisfação das necessidades mais básicas; o medo de ficar só, de ser um “fardo”, a revolta e a vontade de dizer “Não” ao novo estatuto, levam-no a pedir o direito a morrer com dignidade. Obviamente, o pedido deverá ser ponderado antes de operacionalizado, o que não significa a desvalorização que tantas vezes conduz esses homens e mulheres a lutarem pela sua dignidade anos e anos na procura do não prolongamento de um processo de deterioramento ou não evolução.

“A dor, sofrimento e o esgotamento do projecto de vida, são situações que levam as pessoas a desistirem de viver” (Pinto, Silva – 2004 - 36) Conduzem-nas a pedir o alívio da dor, a dignidade e piedade no morrer, porque na vida em que são “actores” não reconhecem qualidade. A qualidade de vida para alguns homens não pode ser um demorado e penoso processo de morrer.



2. Normalmente falamos apenas em relação a pessoas. E quanto aos animais?
“Interromper voluntariamente a vida de um animal é a situação que um veterinário mais detesta de efectuar. Ela significa que já não existe mais nada a fazer de forma a resolver o caso apresentado. Para os donos significa um sentimento de culpa e de abandono de um amigo que sempre os apoiou. Muitos, como escape procuram transferir a responsabilidade do acto para o veterinário, mas tal não é correcto. Por coerência, e, porque não, lealdade, para com o fiel amigo, o dono do cão, gato ou exótico tem de assumir a responsabilidade do acto como sua, pois é a ele que cabe unicamente a decisão. O veterinário somente apresenta as hipóteses disponíveis.
O animal não sofre. Em termos gerais simplesmente adormece imediatamente após a injecção.

Situações em que se justifica recurso à eutanásia - Doença incurável em que a qualidade de vida do animal esteja de tal forma comprometida que a solução mais humana é efectivamente pôr termo ao seu sofrimento.
Algumas pessoas são totalmente contra a eutanásia mas a questão principal é se será correcto deixar um animal continuar a viver ( será isso vida? ) com dores de tal forma atrozes que a medicação não o alivia, somente porque o dono terá sentimentos de culpa por o pôr a dormir. Julgamos que não. Não nos devemos esquecer de que pessoas em sofrimento pedem para as deixarem morrer tal o seu desespero. Será correcto deixar um animal agonizar dias a fio sem esperança só porque não há coragem de pôr termo ao seu sofrimento? "




2. Podemos decidir rejeitar a eutanásia. O inverso é a distanásia:
Distanásia - Ação, intervenção ou procedimento médico que não atinge o objetivo de beneficiar a pessoa na fase final de vida e que prolonga inútil e sofridamente o processo do morrer, procurando distanciar a morte



3. Será a rejeição da eutanásia o medo do “Risco de negar a dimensão da mortalidade humana, procurando a cura da morte, não da doença”?.
Será a rejeição da eutanásia a sedução pela “tecnociência que encarna o sonho de imortalidade humana, em que as curas extraordinárias constituem-se na versão secularizada do milagre religioso”?.

4. O conceito de vida humana alberga o conceito fisiológico e acrescenta o conceito de dignidade humana. O conceito de dignidade da pessoa humana é, inclusive, mais importante que o próprio conceito fisiológico. Pessoas com deficiência física ou mental podem viver dignamente e, portanto, estarem vivos sob a óptica humana e social. Parte da fisiologia pode estar afectada e, ainda assim, a vida sob a égide da dignidade restar íntegra. Outras, sem qualquer deficiência, podem estar à margem da vida propriamente dita ao arrastarem sua existência num mundo de mendicância e exclusão de qualquer actividade digna. A vida fisiológica pode estar íntegra, mas a vida digna restar sepultada.

Portanto, ao falarmos de vida humana não falamos apenas da respiração que até mesmo os vegetais dentro de nossa geladeira fazem. Quando falamos de vida humana não falamos apenas de ingerir alimentos, coisa que o gado também faz no pasto. Falamos do diferencial da dignidade. Dignidade, portanto, é o elemento valorativo que secciona o mundo humano do mundo vegetal e animal. A dignidade é a gênese do conceito humano de vida. É desta vida, que não é meramente vegetativa nem bovina, que falamos. O ser humano -- evidentemente -- não pode se pautar apenas por parâmetros vitais que descrevam o pé de alface da geladeira ou o porco em sua pocilga. Vida e dignidade aproximam-se de verdadeiros sinônimos quando tratamos do conceito de vida humana. Assim, a vida humana é, primordialmente, o respeito aos direitos fundamentais do homem de maneira a inseri-lo como cidadão no mundo. Em razão do conceito não bovino e nem vegetativo é que a morte digna é direito fundamental do homem.

O ser humano tem o direito a não ter prolongada sua vida de maneira a transformá-lo numa samambaia de leito hospitalar. A chamada “distanásia” é espectáculo de sadismo da pior qualidade. A morte é uma das poucas coisas democráticas que temos neste mundo de desigualdades. Do nobre ao simplório todos sucumbirão ao inexorável término da vida.

A distanásia é prolongamento indefinido daquilo que só poderia ser considerado vida para plantas ou semoventes. É, também, prática ilícita e abominável. Espectáculo de sadismo que deve ser evitado pelos profissionais pautados pela ética. O Código de Ética Medica estabelece em seu artigo 6º que o médico “Jamais utilizará seus conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral...”.



5. No que se refere à Ortotanásia, esta, opondo-se à Distanásia, defende que se reconheça o momento natural da morte de um indivíduo, não se procedendo a qualquer tipo de meio para manter ou prolongar a sua vida. Significa que se deve deixar o ser humano morrer em paz, sem que se proceda a um “encarniçamento terapêutico” e sem que se promova e acelere esse processo de deixar a vida. É importante neste caso, distinguir Ortotanásia de Eutanásia Passiva, na medida em que na primeira não são levadas a cabo quaisquer medidas que visem manter ou melhorar o estado de saúde do doente, e na segunda estas são tomadas e interrompidas num determinado momento de sua vida