quarta-feira, janeiro 31, 2007

Para que o conhecimento permita um exercer de voto em consciencia

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sábado, janeiro 27, 2007

Só tu te podes resolver

A casa onde eu vivo
Já não me serve de abrigo.
Sou eu meu próprio inimigo.
Não sei como lidar comigo.



Não vale a pena eu tentar
Esconder-me do que sou,
Pois qualquer lado para onde vou,
Vou-me acompanhar.

Só eu me posso resolver!
Soltar os cadeados que me prendem,
Dar liberdade aos que a mim se rendem,
Em mim a mim viver



Sem procurar refúgio cá fora,
Sem me refugiar lá dentro,
Saber ser eu, meu próprio centro
E ver, o que acontece agora

Cada minuto uma aula.
Cada instante uma lição.
Porque me prendo eu na jaula?
Não saberei dar espaço ao coração?



 

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Esta Tudo em Nós


Mas afinal, somos tão sós! Somos só nós. Podemos dar a mão a alguém, mas no instante em que a largamos, somos só nós! Não fazemos parte de nada, fazemos parte do mundo todo. Somos um organismo independente. Sozinhos. Dependentes de tudo. O que nos rodeia nos sustenta. Mas são os nossos pés que andam e são os nossos olhos k vêem. A nossa pele k sente e ouvimos tudo aquilo que somos nós.
Tu ias descendo a rua. Sozinho. Alegre e preenchido. De coração no peito. Eras só tu. E o mundo que te rodeava era só teu. Só tu o vez com essas cores que podes dar aos olhos do que os outros vêem de uma outra maneira. Tão frágil, rodeado pela imensidão de tudo o que nos rodeia. Eras só tu ali. Flutuando no enquadramento deste holograma constante, sempre diferente.
Aquele fio de ouro que nos atravessa. Que sabemos ser o nosso centro. O nosso ecrã de projecção, onde observamos a vida. E como crianças sentadas pela primeira vez em frente a um computador, carregamos em todos os botões ate aprender, para que servem e o que fazem


quarta-feira, janeiro 17, 2007

25 000 a 30 000 genes

25 000 a 30 000 genes.

É isto que nos define: um conjunto de 25 000 a 30 000 genes.
Surge-nos como um número verdadeiramente imponente, não surge?

Vinte e cinco mil…

Quase que nos atrevemos a dizer “Somos realmente sublimes. Tão complexos e com tantos genes que certamente, e sem dúvida alguma resistente, seremos os detentores do maior número! Sim, porque não conhecemos nenhuma outra espécie que seja capaz de desempenhar e executar, criar ou até mesmo, simplesmente, existir como nós…”
No entanto, depois de um pensamento desta índole levar um estalo bem no centro do nós mesmos, onde reside o nosso teimoso antropocentrismo, quando descobrimos que o arroz que confeccionamos e comemos das mais diversas maneiras, presente nas mais diversas receitas culinárias tem dez vezes mais genes que nós, dói no mais íntimo do nosso orgulhoso ser!
Dez vezes mais...
250 000 a 350 000 genes…



Esta nossa tendência para acharmos, e assim entendermos como conclusão óbvia, que somos a espécie mais grandiosa que caminha sobre a face do planeta Terra, leva-nos a fechar os olhos perante aquilo que se revestiria de maior evidência, ou seja, que não somos diferentes dos animais (afinal é o que no mais puro dos sentidos somos) nem sequer, como revelam os últimos trabalhos de alguns biólogos, das próprias plantas!

É difícil, segundo a nossa forma diminuída de ver o mundo, entender que 1% seja a percentagem de bases púricas e pirimídicas que nos distingue dos chimpanzés. Isto é, que é apenas uma diferença de 1% na adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T) da cadeia de DNA, que por sua vez possui os genes que nos identificam, que permite que sejamos diferentes dos chimpazés.



É muito fácil esquecer que a linha que distingue humanos dos restantes animais é, na verdade, real e que apenas uma diferença simples nos factores de transcrição cerebrais, não nos torna assim tão diferente dos grandes primatas...




Já em 1859 Charles Darwin afirmou, após uma viagem ao longo da América do Sul, que a origem de ser humano residia no macaco quando publicou a obra “The Origin of Species”. No entanto, foi considerado louco e ainda hoje simplesmente não somos capazes de fazer caber no nosso ego que, realmente derivamos de animais e assim o somos também, e fazemos por nos esquecer de lembrar disso...

No entanto, o nosso egoísmo e auto-centrismo não reside apenas em nos destacar, seres humanos, dos restantes animais, mas também de nos afastar daquilo a que se chama raças.
Na verdade este não é mais do que um disparate rotundo ao sabermos que, por exemplo, a cor da pele deriva de, pelo menos, 22 genes, e que as variações nestes genes não são mais do que variações intraindividuais face às solicitações ambientais contínuas...
E assim, da variação polimórfica de uma só base púrica ou pirimídica (adenina, citosina, guanina ou timina) podem derivar cerca de 10 000 000 combinações diferentes de tons de pele.



E da nossa incompetência em aceitar a nossa animalesca origem, continuamos a perpetuar agressões múltiplas a diversas espécies, continuamos a insistir em experiências lesivas em grandes primatas (tão morfologicamente distantes e tão geneticamente próximos) e continuamos em fechar os olhos querendo acreditar-nos como entes supremos do mundo vivo.
Da nossa teimosa e forçada impossibilidade intelectual em entender que entre nós e os outros está apenas uma diferença mutacional a nível proteico e não um nível de superioridade inexplicável, insistimos em afastar cores diferentes de nós, insistimos em agredi-los verbal, física, mental e espiritualmente e até mesmo ostracizá-los de uma forma, ironicamente, animalesca.

Talvez esteja na hora de começarmos a abrir a nossa mente e deixar que o óbvio se instale em nós.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

TOMAMOS UMA DECISÃO


Depois ficou uma imagem baça, como uma colher desfocada numa fotografia de grandes dimensões, entoando um ligeiro gosto metálico, e algo mais. Pareceu-nos triste então. Ou talvez não. É apenas um espaço oco, silencioso, marcando a sua presença por algo semelhante ao eco das gotas de água caindo na escuridão de uma cisterna. Por mais que se espreite para o interior à espera de nada ver, bem fundo – tem um fundo.


Uma pequena porta de chumbo rodeada de espaço infinito. Talvez eu reconheça esta porta, quando passei por ela de lá para cá. Talvez seja uma outra, para outro sítio. Mas aí, já surgem montanhas e planaltos cobertos de trigo amarelo, e fardos de palha amontoados ao longe como as almofadas do salão. Descanso?

Não! A água que corria da montanha em cascatas e rios foi presa agora no leito da barragem. Fica lá só para manter a vida em redor servindo ao mesmo tempo de base e de suporte para que nova água venha, e ela parta a irrigar novos campos, para viajar no oceano.

Não passa de dois pratos polidos de uma balança de bolço, que utilizamos constantemente. Os pesos... Não, ainda não são essenciais, são apenas presentes. Eu falo de água encurralada, mas ainda não tenho sede nem calor. Sabes o que é voar, sobrevoar o céu? Sabes o que é andar na terra? As pessoas são estranhas, as pessoas assustam-me porque as procuro entender. As pessoas são cruéis, não querem dar nem receber, e depois ficam descontentes porque ninguém lhes oferece. E outras que dão e se entristecem porque ninguém recebe. No entanto as coisas já mudaram, não é? Agora é só o tempo deles se aperceberem. Quantas vezes nos apeteceu fugir desta terra, e parecia não haver nada que pudesse encurtar a nossa estadia? Ainda ficamos. E vamos ficando, vamos ficando até nos apercebermos que outras flores murcham na nossa ausência. Ou enquanto nós mesmos não começarmos a murchar na ausência de água.



Resta entender apenas aquilo que não se consegue focar á partida. Resta entender apenas o que ainda não esta presente. Porque o que temos neste momento, é suficiente para desmistificar os milhares de folhas, flores e frutos que caem, neste momento, aos nossos pés. A mesma razão pela qual os pisamos sem sequer olhar se a sua cor nos agrada.


Recordo as manchas deixadas no asfalto cinzento, pela primeira chuva de Outono. Tão leve como o ondular de uma toalha de ceda, nessa mesma brisa que trazia a chuva. Tão delicada, sem nunca ameaçar demais, nos trouxe o Inverno. E em cada momento se continua a conseguir criticar o próprio momento como os milhares de puzzles que mudam de forma no instante a seguir, e novamente não se encaixam.


Ou será ela uma pintura a óleo, em que simplesmente não adianta sobrepor demasiadas camadas de tinta diferente, pois estragará a beleza de todas as cores, transformando a paisagem numa mancha castanha. Resta apenas decidir o que significa ela para nós. Os excrementos de um animal selvagem, os nossos, ou uma barra de chocolate suíço. Ou a transformamos, na nossa mente, num deserto de areia fina ao anoitecer, e em que afinal, ainda se pode colocar algumas flores e alguma chuva! O no final quando fossemos a ver o mais importante seriam realmente elas, aquelas flores. Mas resta-nos ainda decidir, se é dessa pintura que gostamos, ou se queríamos ver mais, as flores no meio de relva verde. Ou se simplesmente não gostamos de pintar.


Nesse caso resta-nos fotografar apenas o que vemos! fotografar, guardando as cores, ou uma imagem baça. E vemos que afinal não era uma questão de pesos.



 

quarta-feira, janeiro 03, 2007

IMÁGEM

Imagem!



Linhas soltas que já deixei de ver, mas estão aqui!
Porque não sais do meu caminho?
Já te esqueci! Não! Não consigo
Associar-te à palavra amigo!
Faltei, Faltou de mim!
Alguém falou contigo, Miragem!
Existes algures no interior do consciente
Estás presente! Lembras-te de mim!
Mas não! Não falas!
Estás! Sim, eu sei!
Quem és? Já soube, mas verei um dia!
O mundo corre aos meus pés!
Tu és! A mais real das fantasias!



Tu sabes! Não!
Talvez soubesses, se quisesses ver! Sentir!
Mas estas aqui a cada instante! Próximo!
Tão semelhante ao real! Eu sinto!
Sim! Eu sei!
E passa outra vez a tua imagem!
Não! Não é uma miragem!
A tua mente que olhou p’ra mim!
Um pensamento teu, passou aqui!
Eu vejo! Sou! E vou!
Afasto-me e viro as costas!
As pérolas espalhadas aos teus pés! Não vês!
Olhas para as pálpebras fechadas, sem abrir os olhos!
As linhas soltas não te dizem nada!
És! Tão frio em água ardente!
Paixão que vem do escuro e vai embora sem tocar!



Olhei! Não vi!
E como nada fosse, olhas tu p’ra mim!
Não sonho, mas voei p’ra longe!
Fiquei tão perto! Sei!
Pois já existe um portal aberto!
E passam telegramas!
Não queres entender o código de morse!
Ou eu também!
Já sei! Erguem-se as árvores, as flores murcham!
E mudam-se as cores cada dia! Magia!



Eu acredito! Mudei!
Voltou de novo e mudou de novo!
E mais ainda vai mudar!
As linhas soltas caem no papel!
Sim! Eu sei! Sei que as abelhas fazem mel!
Ferram e morrem!
Queres mais moral?! Ah, pois foi!
Quase me esqueci! Não queres nada!
Eu fecho os olhos mas a lua abre-os de novo!



E Foi! Vem outra vez!
De lá p’ra cá no meu caminho
As linhas caem! Eu vou!
Corro devagarinho.
Passei! Fiquei! Sorri! Voei!
Eu esmago os frutos! Arranco as pétalas das flores!
Ergue-se como um muro desta vez
Inesperadamente!
Daqui não sais! Eu vi!
E volta a mudar! Há de chegar!
E passa e corre! Morre e nasce outra vez!
Mas tu não vês!
Que labirinto se transforma em deserto!



Vejo!
Os cumes das montanhas não me ferem os pés!
Não! Já não dói! Doeu!
Mas atirei ao mar! E brilha na areia!
São diamantes e cristais!
Acho que fui longe demais!
Agora estou demasiado perto! Nascem flores!
A chuva já não cai! Ainda estas aqui!
Silencioso! Como um tronco milenário!
Tão claro! Tão belo! Passas por mim!
E para lá do muro teu, eu vejo desespero!



E espero! Até que continue!
Um mundo de princípios que não avança!
Não dás o braço a torcer!
Foges e deixas! Mas não chegas a perder!
Passou! Mais uma vez passou por mim cantando!
Está frio aqui! A água embala-me!
As linhas caem no papel!
Eu vou andando! Até mais ver!