sexta-feira, janeiro 30, 2009

Androides loucos,
Palhaços pálidos
Fantoches sem cérebro,
Mimos reticentes

Realizamos, achamos
Que pensamos
E que o que pensamos
Poderá estar certo

Cabeças oucas
Corações partidos
Veias abertas sangram
Imagens repetidas

Pensam que sentem
Sentem furia
Coincidencias presentes
Sem fazer sentido

Um caos constante
Exuberantemente belo
Sem paralelo
Dias com cores garridas

Um som distante
Óculos embaciados
Memoria sem passado
Factos ultrapassados

Largar

Um dia sereno de inverno, cheio de sol, de ar gelado a bater na cara. Uma rapariga seguia sozinha pela estrada que atravessa o campo de uma povoação até à próxima. Focando o seu olhar nas pedras do asfalto que brilham em cores diferentes a cada paço seu. Deixando para trás algo que lhe pesa, seguindo para lado nenhum, olhando, dentro de si para o lado de onde foge.

Quando fugimos de alguma coisa, significa que isso nos persegue. Continuaremos a fugir enquanto isso nos perseguir. Ficamos tranquilos por instantes, mas sempre reticentes… Será que vai surgir mesmo à nossa frente quando menos estamos à espera, será que nos observa pelas costas enquanto caminhamos descansados.

Ela saiu por sua livre vontade, saiu e voltou para levar algo que lhe faria falta. Nessa altura ela foi expulsa. Assim não se sentiu como uma fugitiva. Fechou a porta acompanhada com as palavras não voltes mais a esta casa. Desta forma, aparentemente tranquila, mas profundamente triste ela seguiu pela estrada for a. Transbordada pelo sentimento de raiva, fúria ela enfiava num caixote de lixo imaginário todas as brigas a que foi obrigada a assistir, toda a loiça suja, toda a roupa por passar a ferro, todas as mágoas que lhe colocavam nas mãos para reconciliar, todos os bonecos partidos das crianças. Uma a uma ela pensava eliminar aquelas coisas que nunca lhe davam paz. Sem ter a quem telefonar, sem ter para onde ir, ela sentia-se livre, mas só. Completamente só numa luta que pelos vistos era apenas dela. Há anos atrás ela pensou ter escapado, mas no momento em parecia estar tudo em ordem “a coisa” apanhou-a inesperadamente, e segurou com força.

Após uma noite fria na rua com os seu pensamentos, na manhã seguinte ela já se via reintegrada novamente no seu contentor imaginário que continha todas aquelas coisas que ela quis rejeitar no dia anterior. Zangada, ela aceitou aceitar. Ela aceitou dar o seu melhor. Fugir era impossível, talvez fosse possível resolver.

Olhando para trás, ouvia palavras que a repreendiam, não podes faltar ás aulas, tens que fazer os trabalhos de casa, vai lavar a loiça, vai passar a roupa, faz o jantar, põe a mesa, lava a loiça, não podes ir sair, vai arrumar o teu quarto. E acabando com largas reticências correspondentes às palavras que ela não queria sequer repetir na sua cabeça.

Talvez eu não me tenha esforçado o suficiente, eu vou tentar novamente, eu tenho que conseguir resolver isso, eu tenho que conseguir criar a harmonia. Tudo isto para se convencer de que ainda havia alguma possibilidade, apesar de, no fundo, a sua esperança ser apenas fora desse espaço.

Mas afinal o que sou eu para eles, não passo de uma criada, tenho que tratar de manter a casa em ordem, mas eles nunca estão satisfeitos com isso, não me podem dizer que limpei alguma coisa mal, porque não o faço mal, mas há sempre algo que eu posso não ter limpo. Eu trato das crianças, não saio da cozinha desde o momento em que chego a casa ate à noitinha e depois acusam-me de que não vou conviver com eles. Tudo o que faço nunca é demais é sempre a menos. Tudo me parece um caos, impossível de resolver

Passando por todos estes pensamentos na sua cabeça, ela olha novamente para a estrada, passo a passo, o campo a sua volta, o alcatrão sempre da mesma cor. Ela sussurrou para si mesma apenas, em frente. São apenas alguns passos entre a ultima batalha até uma nova batalha. Quem abandona a sua casa fica indefeso dos novos deuses, ela sabia tudo, porém o mais importante seriam sempre os próximos passos.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Deviamos reformular a ideia de publicidade

A publicidade é neste momento o melhor meio de comunicação, do geral para o geral. É aquele meio de comunicação que mais influencia a mente das pessoas. Pensamos em mudança de mentalidades para uma sociedade melhor, para um mundo melhor, porque não começar por aqui. A publicidade tem a estrategia tem as técnicas, apenas não está a ser utilizada da forma correcta.

Fala-se tanto em preservar o ambiente, poupar energia, preservar o património. E se as pessoas, de uma vez por todas tomassem a consciência de que a publicidade é uma coisa totalmente inútil. Que com o mesmo investimnto de dinheiro se poderia dar um grande beneício ao nosso planeta e aos seres que nele habitam.

Atingia-se o mesmo resultado, ou quem sabe talvés melhor, deixando de gastar rios de energia e resmas de notas em placardes publicitários e reclames luminosos. Em vez de se exibirem através de imagens estáticas, as mesmas empresas criavam uma imágem viva daquilo que são. Utilizavam os seus produtos para melhorar o aspecto das nossas cidades, para preservar o nosso património, para melhorar a qualidade de vida dos seres vivos.

Uma marca de tintas, por exemplo, podia investir em pintar casas, tantas que existem por aí a precisarem de ser pintadass. Deixava uma marca discreta da empresa que realizou o trabalho e na televisão em vez de mostrarem um sckech sem nenhum conteúdo verídico, mostravam que tinham iniciativa e que se esforçavam para o bem estar de todos e que o seu produto era bom e que realmente trazia benefícios para a vida das pessoas.

É que com o mesmo orçamento que se gasta em publicidade absolutamente inútil podia-se fazer tanta coisa útil.

terça-feira, janeiro 27, 2009

e não largar ..

. porque é que fazes sempre isso?

. isso o quê?

. olhar nos olhos das pessoas e não largar ...

. porque gosto de prender. gosto de me sentir presa. naquele momento cria-se uma linha imaginaria que nos junta. é suficientemente forte para não conseguir largar e sentir a intensidade do olhar e, ao mesmo tempo, é suficientemente fraca para quebrar quando já não me apetecer.

. não sei como consegues olhar um estranho dessa maneira!

. todos são estranhos. não conheço ninguém. muito menos a mim. para conhecer é preciso compreender e as pessoas não são para se entender. nem eu quero! não quero entender ninguém. depois de se começar a conhecer surgem daquelas liha demasiado fortes para se poder quebrar... e o que eu gosto nisto é de poder romper a linha imaginária a qualquer momento e, se me apetecer, voltar a montá-la logo de seguida.

. gostas de brincar ao gato e ao rato ...

. sim. na vida somos ora gato ora rato. ora apanhamos ora deixamo-nos ser apanhados.

. não percebi. pensava que gostavas de manter o controlo nas tuas mãos!

. controlo? isso não existe! o máximo que podes conquistar são alguns momentos em que podes ser felino... nos outros, és meramente rato. e é por isso que prender o olhar é não é mais do que um jogo, em que és gato por intensos instantes e depois de apanhares, te deixas ser apanhado.