quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Reflexões


Vou deixar aqui algumas reflexões, pequenos excertos e opiniões sobre a eutanásia… ideias, cada um cria as suas…

1. Para quem argumenta a favor da Eutanásia, acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho consciente que reflecte uma escolha informada, o término de uma vida em que, quem morre não perde o poder de ser actor e agente digno até ao fim.

São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada ser individual, na alegação do direito à autodeterminação, direito à escolha pela sua vida e pelo momento da morte. Uma defesa que assume o interesse individual acima do da sociedade que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. Eutanásia não defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única.

A escolha pela morte, não poderá ser irreflectida. As componentes biológicas, sociais, culturais, económicas e psíquicas têm que ser avaliadas, contextualizadas e pensadas, de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de influências exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de arrependimento.

Quando o Homem; pai, chefe, cidadão, profissional, músico... passa a ser prisioneiro do seu corpo, dependente na satisfação das necessidades mais básicas; o medo de ficar só, de ser um “fardo”, a revolta e a vontade de dizer “Não” ao novo estatuto, levam-no a pedir o direito a morrer com dignidade. Obviamente, o pedido deverá ser ponderado antes de operacionalizado, o que não significa a desvalorização que tantas vezes conduz esses homens e mulheres a lutarem pela sua dignidade anos e anos na procura do não prolongamento de um processo de deterioramento ou não evolução.

“A dor, sofrimento e o esgotamento do projecto de vida, são situações que levam as pessoas a desistirem de viver” (Pinto, Silva – 2004 - 36) Conduzem-nas a pedir o alívio da dor, a dignidade e piedade no morrer, porque na vida em que são “actores” não reconhecem qualidade. A qualidade de vida para alguns homens não pode ser um demorado e penoso processo de morrer.



2. Normalmente falamos apenas em relação a pessoas. E quanto aos animais?
“Interromper voluntariamente a vida de um animal é a situação que um veterinário mais detesta de efectuar. Ela significa que já não existe mais nada a fazer de forma a resolver o caso apresentado. Para os donos significa um sentimento de culpa e de abandono de um amigo que sempre os apoiou. Muitos, como escape procuram transferir a responsabilidade do acto para o veterinário, mas tal não é correcto. Por coerência, e, porque não, lealdade, para com o fiel amigo, o dono do cão, gato ou exótico tem de assumir a responsabilidade do acto como sua, pois é a ele que cabe unicamente a decisão. O veterinário somente apresenta as hipóteses disponíveis.
O animal não sofre. Em termos gerais simplesmente adormece imediatamente após a injecção.

Situações em que se justifica recurso à eutanásia - Doença incurável em que a qualidade de vida do animal esteja de tal forma comprometida que a solução mais humana é efectivamente pôr termo ao seu sofrimento.
Algumas pessoas são totalmente contra a eutanásia mas a questão principal é se será correcto deixar um animal continuar a viver ( será isso vida? ) com dores de tal forma atrozes que a medicação não o alivia, somente porque o dono terá sentimentos de culpa por o pôr a dormir. Julgamos que não. Não nos devemos esquecer de que pessoas em sofrimento pedem para as deixarem morrer tal o seu desespero. Será correcto deixar um animal agonizar dias a fio sem esperança só porque não há coragem de pôr termo ao seu sofrimento? "




2. Podemos decidir rejeitar a eutanásia. O inverso é a distanásia:
Distanásia - Ação, intervenção ou procedimento médico que não atinge o objetivo de beneficiar a pessoa na fase final de vida e que prolonga inútil e sofridamente o processo do morrer, procurando distanciar a morte



3. Será a rejeição da eutanásia o medo do “Risco de negar a dimensão da mortalidade humana, procurando a cura da morte, não da doença”?.
Será a rejeição da eutanásia a sedução pela “tecnociência que encarna o sonho de imortalidade humana, em que as curas extraordinárias constituem-se na versão secularizada do milagre religioso”?.

4. O conceito de vida humana alberga o conceito fisiológico e acrescenta o conceito de dignidade humana. O conceito de dignidade da pessoa humana é, inclusive, mais importante que o próprio conceito fisiológico. Pessoas com deficiência física ou mental podem viver dignamente e, portanto, estarem vivos sob a óptica humana e social. Parte da fisiologia pode estar afectada e, ainda assim, a vida sob a égide da dignidade restar íntegra. Outras, sem qualquer deficiência, podem estar à margem da vida propriamente dita ao arrastarem sua existência num mundo de mendicância e exclusão de qualquer actividade digna. A vida fisiológica pode estar íntegra, mas a vida digna restar sepultada.

Portanto, ao falarmos de vida humana não falamos apenas da respiração que até mesmo os vegetais dentro de nossa geladeira fazem. Quando falamos de vida humana não falamos apenas de ingerir alimentos, coisa que o gado também faz no pasto. Falamos do diferencial da dignidade. Dignidade, portanto, é o elemento valorativo que secciona o mundo humano do mundo vegetal e animal. A dignidade é a gênese do conceito humano de vida. É desta vida, que não é meramente vegetativa nem bovina, que falamos. O ser humano -- evidentemente -- não pode se pautar apenas por parâmetros vitais que descrevam o pé de alface da geladeira ou o porco em sua pocilga. Vida e dignidade aproximam-se de verdadeiros sinônimos quando tratamos do conceito de vida humana. Assim, a vida humana é, primordialmente, o respeito aos direitos fundamentais do homem de maneira a inseri-lo como cidadão no mundo. Em razão do conceito não bovino e nem vegetativo é que a morte digna é direito fundamental do homem.

O ser humano tem o direito a não ter prolongada sua vida de maneira a transformá-lo numa samambaia de leito hospitalar. A chamada “distanásia” é espectáculo de sadismo da pior qualidade. A morte é uma das poucas coisas democráticas que temos neste mundo de desigualdades. Do nobre ao simplório todos sucumbirão ao inexorável término da vida.

A distanásia é prolongamento indefinido daquilo que só poderia ser considerado vida para plantas ou semoventes. É, também, prática ilícita e abominável. Espectáculo de sadismo que deve ser evitado pelos profissionais pautados pela ética. O Código de Ética Medica estabelece em seu artigo 6º que o médico “Jamais utilizará seus conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral...”.



5. No que se refere à Ortotanásia, esta, opondo-se à Distanásia, defende que se reconheça o momento natural da morte de um indivíduo, não se procedendo a qualquer tipo de meio para manter ou prolongar a sua vida. Significa que se deve deixar o ser humano morrer em paz, sem que se proceda a um “encarniçamento terapêutico” e sem que se promova e acelere esse processo de deixar a vida. É importante neste caso, distinguir Ortotanásia de Eutanásia Passiva, na medida em que na primeira não são levadas a cabo quaisquer medidas que visem manter ou melhorar o estado de saúde do doente, e na segunda estas são tomadas e interrompidas num determinado momento de sua vida


2 Comments:

Blogger Desconhecida said...

Exactamente. Este Post vai exactamente ao encontro da minha opinião.
Parabéns pelo excelente texto.

Beijinho

2/02/2006 7:58 da tarde  
Blogger 100asas said...

desconhecida, o texto não é meu.
é composto por um 'corte e costura' de vários textos de opinião de variados autores.
de qq das formas obrigada =)
beijinhos

2/03/2006 5:12 da tarde  

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