sábado, maio 31, 2008

Sonhei

Queria entrar mas não conseguia.
As portas não abriam e pelo vidro conseguia ver todos lá dentro.
Sentados.

Calmos. Agitados.

Descia a plataforma.
Queria subir mas não conseguia.
Era demasiado alto e pelas janelas conseguia ouvir todos la dentro.
Calados.
Rindo.
Aos poucos as rodas começam a girar, a girar, a girar e eu não consigo entrar. Fico no chão.
E as carruagens sucedem-se.
Fico para trás. Viro costas e encontro um muro.

alto,
não consigo saltar.

Perdi os bancos e agora tenho defronte um gigante a combater.

Cavaleira de la Mancha debato-me com meus moinhos e acabo por perder.

quinta-feira, maio 22, 2008

Madrugada

Não pensei que amanhecesse tão cedo.
Esperava madrugar e encontrar o veludo a revestir os tectos.
Esperava ainda poder ver-Te,
Segredar-Te ao ouvido.
Contar-Te meus novos medos,

segredos

inquietações.

Esperava sentir o frio confortável do escuro.

Mas não.
Madruguei e já é dia.
Tu já foste embora, caminhaste noutras direcções
E talvez eu já não saiba encontrar a minha.

Não existe veludo.

Nem pontinhos de Luz.

Aqueles que, iluminando teu chão, me levavam em pequenos e delirantes viagens.

Não existe veludo

Nem pontinhos de Luz.

Existe apenas um mar, com ondas desaparecidas.
Tão calmo.
Tão sereno.

E não existe veludo.
E minha alma e meu corpo não têm a certeza de se sentirem confortáveis neste cenário pleno de paz.
Madruguei e pensei encontar-Te.
O vento que não corre fala-me daquilo que receio ouvir.
Sou nova.
Sou, mais uma vez, nova.
Sou novamente aquio que posso experimentar. Aquilo que posso ser.
O vento que não gira fala-me de todas as formas, todas as maneiras que posso pensar naquilo que sou.
Entranha-me no peito esta nova luz.
O calor dos raios que se escapam dos instantes brancos do tempo, faz-me acreditar que tudo posso novamente
Tudo posso.
faz-me recordar as palavras, os lugares, os gestos, os sitios, as pessoas que nunca vi e não conheço nem conheci.

Não existe veludo. E isso assusta.
Mas, lentamente, minha carne entende que não é preciso.
O veludo existe. Existem em mim pequenos pontinhos. Existe em mim o Tudo e o Nada.

Madruguei e esperava ver-Te.
Nao te vi.

Senti.

segunda-feira, maio 05, 2008

Mais umas quantas paragens

Mais uma vez
Encontro-me sentada no banco que,
Nestes espaços de tempos indefinidos, corridos pelo esquecimento de olhar e ver,
nunca abandonei de verdade.
E, na realidade,
Apesar da ignorancia de o ver,
Ele acolhe-me como se não me tivesse deixado de sentir.

Tudo aquilo que vejo,

Tudo aquilo que espero, que de mim quero,

Não mais corre nas veias
Como em segundos passados.

Ilusoes,

Interpretações,

São só mais umas quantas paragens.
E não quero largar esta nova vigilia desperta que, lentamente,
percorre novamente minha cintura de pensamento.

Um momento,

Instantes. Constantes.

Paragens microscópicas no tempo
que se traduzem em viagens aleatórias
por tudo aquilo que o Nada pode ser.

Imagens. Colagens

de quadros sucessivos que me levam a conhecer os sitios que já tinha esquecido.
Estranho.
Porque aos poucos me reconheço de novo,
me entrego novamente a mim.
Porque aos poucos me reinvento.

Dementes.
Ausentes.

Todos aqueles momentos em que me
apaguei
em que me
ignorei.
Pintei de escuro as imagens.
Queimei visões olhadas pela forma de sentir em que defronte me surgiam.

Estranho,
Entranho.
Recebo e Entendo que aquilo que temo
não é mais do que a realidade verdadeira da ilusão aceite pela invenção.
E como tudo É.
E como tudo se imagina, tudo se inventa,
meu corpo recebe de novo a vontade de tudo ver, tudo Sentir.
Tudo criar.
tudo Exisitr.

São só mais umas quantas paragens
Mas já abandonei o banco e viajo por entre os quadros que se sucedem.
Penduro-me nas cores,
refugio-me nos Cheiros.
O banco não me abandona e sei que a ele posso regressar
e novamente viajar
para locais que nem sei existir.
E terminou o caminho.
Terminou a linha que percorria os momentos de minha nova compreensão.
Mas minha mente permanece

percorrendo os trilhos da sensaçao.