segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Insignificancia

Hoje estou estranhamente triste…
Não porque não seja triste.
Mas porque tomei, de manhã, ao pequeno-almoço,
Acompanhada de um café fraco,
A consciência da minha insignificância.

E ela paira por entre palavras ditas
Ignoradas por ninguém,
Por entre expressões fabricadas
Em sentimentos incompreendidos…

E eu passo por baixo dela,
Com carros que traçam linhas voando
E pessoas que em si mesmas tropeçando caminham…
E o sol que todas os noites nasce
E a lua que todos os dias se deita.

E vejo. E olho. Observo…
Sinto-me estranhamente incomodada.
E tomei ao pequeno-almoço
Acompanhada de um café fraco e um pão duro
A consciência da verdadeira insignificância
Que de tão importante é engenhosamente escondida.

29 de Novembro de 2003

É incrível como as coisas se mantêm estáticas como que congeladas e perdidas algures entre os segundos que decorrem incorrigíveis...
Durante semanas seguidas, todos os dias, à mesma hora apanhava eu o mesmo comboio. As mesmas pessoas, as mesmas posições, as mesmas disposições.
Hoje, retomei a rotina...
As mesmas caras e a sempre presente indiferença. O mesmo casal de fumadores que espera pelo sinal do comboio para se sentar na terceira fila de bancos de costas para Lisboa (será tal representativo da sua pouca vontade de partir e de deixar aquilo que construíram?), o mesmo par de estudantes, que entra em estações diferentes, sentado na segunda fila de frente para Lisboa e de costas para Cascais (será isto a sua vontade de largar asas e fugir para o que ainda há de vir, esquecendo aquilo que deixaram para trás?) e eu de livro no mão, alternando pequenos parágrafos com longos momentos de paisagem inquieta (será a minha persistente mania de me deixar levar pelo imaginário da realidade que observo?). Reparo que falta a senhora gorda do tricot (pergunto-me se lhe terá acontecido alguma coisa) e que ninguém parece sequer ter reparado anteriormente nela.
Tudo no mesmo lugar.
Tudo na mesma indiferença.
Tudo na mesma insignificância.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

que melhores dias se sigam, sempre com um sorriso :)

2/14/2006 10:37 da manhã  
Blogger ManiacaDosPorques said...

Querida amiga,
Perdoa-me pela minha fraqueza,
perdoa-me pelo meu egoismo e individualismo,
perdoa-me por te amar tanto e não o demonstrar,
perdoa-me por te compreender na perfeição e não o partilhar,
perdoa-me pelas vezes que quis fazer parte de momentos incriveis contigo e não o fiz...
Perdoa-me por, muitas vezes, só caminhar contigo em pensamento...

Também eu me sinto assim...quando vejo que tudo permanece igual... Olho e vejo que queria fazer de tudo para o poder mudar e, no entanto, nada se pode fazer porque cada coisa tem o seu próprio desenrolar!
Só os que vêm com consciência é que possuem o dom de caminhar com diferença... mesmo vendo a indiferença nos outros, pois estes olham e nada veêm!
Mas tudo tem a sua beleza: a pessoa do lado que chora por dentro e não vê, pelo casal que sente e só com um olhar o diz, pelo mendigo que pede afeição e nada recebe, pelo olhos meigos de quem deseja receber, pelo excentrico incompreendido... por tudo e por todos!

Amiga,o teu viver é uma inspiração para o meu caminhar!

Beijos e abraços daqueles que só nos sentimos! ;)

2/14/2006 1:47 da tarde  
Blogger JNM said...

No entanto ela move-se... Pudessemos aprender com isso.

Beijo

2/16/2006 10:01 da tarde  

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