Opções éticas e estilos de vida
Os cínicos dizem: “Se as andorinhas deixarem de existir, o que é que muda? As espécies estão constantemente a desaparecer, desde que o mundo é mundo!” Ou então: “Há problemas muito mais graves a resolver do que o problema das andorinhas!” De facto, o problema das andorinhas não é mais do que a ponta do icebergue: por baixo, há uma realidade muito extensa e ameaçadora que se chama “exploração irracional e louca do equilíbrio da Terra”. E isso tem a ver, naturalmente, com coisas muito maiores do que simples andorinhas, tem a ver com a economia e a política, o abuso arrogante e o desperdício dos recursos dos países ricos e a miséria cada vez maior dos países pobres.
Creio que, neste momento, e sobretudo para as pessoas que acreditam em determinados valores, um dos problemas mais urgentes é o da escolha dos estilos de vida. Todos os dias podemos contribuir com os nossos comportamentos, mesmo os mais simples, para a degradação da Terra ou para o início do processo oposto. O criado foi-nos confiado e nós fomos confiados ao criado, não somos donos, como durante muito tempo se quis acreditar, mas hóspedes, e como hóspedes devemos obedecer às leis do respeito e da convivência, às leis da protecção e do amor. E a característica do amor é justamente não distinguir e não dividir, não estabelecer hierarquias quando se oferece.“Não podes tocar numa flor sem perturbar uma estrela”, escrever o filósofo Gregory Bateson. Nunca foi tão importante como agora decidir se se é a favor da vida ou contra a vida, se se está com a loucura destrutiva do egoísmo humano ou com “a nossa irmã e mãe terra que nos sustenta e governa”, como escreveu S. Francisco.