sexta-feira, novembro 11, 2005

O intelectual, Vulgo, "Cabeça"

Neste tipo de personalidade disfarçada, o nosso programa social leva-nos a sermos intelectuais e a desprezarmos as relações humanas intensas, especialmente porque são emocionais. Muitas vezes, a pessoa que assume o papel de "intelectual", tem medo das suas emoções e sente-se mal com elas por qualquer razão. Talvez tenha sido programada para as não mostrar, para pensar que o sentimento é fraqueza. Algumas vezes, também, a pessoa sente-se incapaz de se relacionar com os outros e de fazer amizades e, por isso, se refugia na sua pose de intelectual.

A "torre de marfim" do intelectual é também um refúgio comum da competição, própria das relações humanas. Os processos de aprendizagem são menos ameaçadores do que as pessoas. A sala de aula é preferível ao mundo frio e cruel que aprendemos a temer; as pessoas mais tímidas preferem ler sobre a vida a tentar viver. As estantes da livraria podem ser um refúgio contra as dores de cabeça do dia-a-dia; podem oferecer o consolo do isolamento e o prestígio de sermos estudantes. Podem ser uma fuga das responsabilidades sociais.

As pessoas programadas para o isolamento estão, na generalidade, mais inclinadas para as tarefas escolares ou profissionais do que às relações significativas com os outros. Em vez de admitir que é um eremita, excluído da sociedade, este jogador insiste em dizer que se dedica à aprendizagem de alto nível. Como consequência, este jogo de facetas livra-o de responsabilidades sociais, organizações, comités, de cumprir obrigações e de fazer amizades.
Não quero de todo, fazer uma acusação aos estudiosos, porque penso que uma coisa não implica automaticamente a outra. O verdadeiro estudioso dá contributos valiosos á sociedade, mas isso não o impede de ser uma pessoa humana, que vive plenamente.
Se soubermos distinguir ambas as situações e gerir as prioridades, facilmente conseguimos adquirir um esquema profissional, cognitivo, social e cultural bastante equilibrado.