domingo, outubro 16, 2005

Preconceituoso e Fanático

Este jogo é fruto de uma neurose social que aparece principalmente entre os inseguros. A pessoa preconceituosa precisa de algum tipo de vazão para as suas hostilidades emocionais. O bode expiatório, nesta situação, não terá, certamente, qualquer benefício para o seu desenvolvimento.

Penso que o preconceito, de certa forma, nasce das nossas ansiedades; sentimo-nos inseguros e juntamo-nos a um grupo como forma de protecção. "Aqueles que estão fora do meu grupo são considerados um perigo e uma ameaça. Ataco-os porque provávelmente também me sinto ameaçado por eles. Não consigo dar disto uma explicação lógica(apesar de apresentar várias razões), mas qualquer pessoa que não está no meu grupo, se eu estiver muito ansioso e inseguro, representa uma ameaça para mim."

O preconceito é um engano emocional. Mas, onde quer que exista, nunca é reconhecido como tal pelas pessoas preconceituosas. O fanático vai sempre tentar explicar o seu preconceito (pré-julgamento significa julgamento anterior à consideração da evidência) em termos intelectuais. Dificilmente admite a irracionalidade da sua posição.

A sociedade costuma contribuir para a formação de novos preconceitos através de um trabalho de racionalização, necessário á explicação desses preconceitos; conclusão: a maioria dos fanáticos não precisa de lidar com a sua própria explicação lógica e racionalizada. Basta recitar algumas frases bem ensaiadas.

Um óptimo exemplo para se compreender perfeitamente o que significa preconceito e fanatismo é exactamente o clima ditatorial e nazi de Adolf Hitler, marco fundamental das formas de racismo mais absurdas que o mundo já presenciou. Com a sua ideia de perpetuar a raça ariana e, portanto, não misturar "o sangue puro" do homem branco com outras etnias, realizou uma perseguição implacável contra os judeus.
Ele considerava a desigualdade entre as raças e os indivíduos como parte de uma imutável ordem natural e exaltava a raça ariana como o único elemento criativo da humanidade. Toda a moralidade e verdade eram julgadas por este critério: tinha que estar de acordo com o interesse e preservação do povo.
Para Hitler, os judeus eram a própria encarnação do mal, fosse de que idade fosse.

A sua ideologia (pessoalmente e para meu uso, defino "ideologia" como uma tese sociopolítica adequada a um conceito peculiar de natureza humana) fascista e nazista, feita inicialmente de minorias fanáticas extremamente activas, têm uma receita racional ou científica para o desenvolvimento e tendem a aguardar o devido momento para uma guerra ou revolução de domínio mundial.

3 Comments:

Blogger JNM said...

O racismo é apenas uma desculpa. E sempre foi.
É igual ao machismo, mas mais violento (muito mais).

10/17/2005 11:33 da tarde  
Blogger Caracolinha said...

A própria palavra PRÉ-conceito já contytém em si a génese que a deita por terra ... parece-me um perfeito disparate julgar-se á priori, fazerem-se juízos de valor sobre aquilo que se conhece já me parece irreal ... muito mais absurdo julgar-se o que não se conhece, formarem-se opiniões com base no "ouvi dizer" ... julgamentos do tipo "não serve para ti também não serve para mim" revelam uma atitude autista e primitiva.

O exemplo que escolheste ilustra na perfeição aquilo de que falas... o ódio descontrolado, sem motivo, sem fundamentação ... uma página negra a juntar a muitas outras que povoam a história da humanidade ...

Mais uma vez estás de parabéns por mais um excelente post ...

Beijinho encaracolado :)

10/19/2005 12:28 da manhã  
Blogger Passaro Azul said...

Antes de tudo,o meu obrigada pela tua visita ao meu blog.
Sem ela, eu não te teria descoberto, bem como todo o conteúdo riquissimo que aqui vim encontrar.
Vou voltar mais vezes e com mais tempo para ler e sobretudo pensar bem nas tuas dissertações.
Um beijo e até breve.

10/20/2005 8:07 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home