sábado, outubro 22, 2005

O ódio do homem pelo homem

Em Otawa, há 8 anos atrás, houve uma conferência internacional sobre o uso das minas. O objectivo da conferência era precisamente acabar com a utilização das minas no século XXI.
O objectivo falhou miseravelmente, não houve nenhuma nação que achasse por bem renunciar a uma arma tão económica e tão eficaz. De 30 em 30 minutos, explode uma no mundo, a sua "vitalidade" dura cerca de 50 anos. Isso significa que, em 2055, haverá muitas pessoas que morrerão devido a minas que foram colocadas hoje, que morrerão devido a uma guerra de que já ninguém recordará o nome ou o motivo.

Em certos países, há um par de minas preparadas para cada criança que nasce. Um fio cor-de-rosa no berço, um fio azul e, de ambos os lados, dois belos objectos de metal.
Quão enraizado, quão profundo e louco é o ódio do homem pelo homem: por causa de uma ideia, por causa de uma fronteira, é capaz de semear a morte entre as gerações futuras.
Guerras que começaram com um simples gesto de raiva e, no entanto, terminaram, muitos anos depois, na inocência, na desgraça, na ignorância de pessoas que lutam sem sequer saber porquê.
Tenta-se dividir fronteiras, com violência, guerra, ocupação, valas, ódios étnicos e, bem mais tarde, ainda se consegue respirar tudo isso de um modo extraordinariamente vivo.
É tão superficial acreditar que as guerras acabam no dia do armistício!!
O ódio, a violência, uma vez desencadeados, avançam, vão-se propagando subterraneamente, longe dos olhares, como os rizomas de certas plantas daninhas. Convencemo-nos de que as arrancámos a todas mas, de repente, vemo-las despontar, fortes e vigorosas, do outro lado do campo. Para melhorar as minas e os engenhos explosivos, inventaram-se tecnologias sofisticadas, há robots telecomandados, e há homens e mulheres que arriscam diariamente a vida por causa disso.
Claro que o tempo que é necessário para as tornar inofensivas é muitíssimo maior do que o tempo desperdiçado para as tornar ofensivas. Destruir é sempre o caminho mais curto, para matar basta premir um gatilho, para não matar tem de se fazer um enorme esforço para tentar compreender os outros.
O que há a fazer não é apenas melhorar os engenhos, também é urgente melhorar os corações, habituarmo-nos a compreender em vez de julgar, a abrirmo-nos e não a fecharmo-nos, a viver a paz não como uma ideia mas como o próprio ritmo da nossa vida.

3 Comments:

Blogger Ricardo Marques said...

Infelizmente, todos nós sabemos que o Homem tem um coração podre, pronto para contaminar o outro.
manter os nossos bons sentimentos dentro de nós e ir abolindo os maus ao longo do tempo.....já é um Passo.
Mas um passo muito Pequeno comparando que os nossos governantes podiam fazer.
Poucos de nós agimos.....

Bjs.

10/23/2005 12:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10/23/2005 1:23 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10/23/2005 1:24 da manhã  

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