quarta-feira, setembro 07, 2005

A infância da Humanidade

Desde que o Homem começou a desvendar os mistérios à volta de si e do seu meio, a necessidade de explicar todos os fenómenos observados tornou-se urgente. E é esta urgência tão primária de iluminar o desconhecido que mantêm o ser humano colectivo presa à infância e não o deixa evoluir.
Durante o 2º Estádio do desenvolvimento Psicossocial da criança, o estádio Pré-Operatório (dos 2 aos 7 anos), o “pensamento corresponde a uma acção interiorizada, assente na capacidade simbólica (…) a principal característica deste estádio, ao nível do pensamento, é o egocentrismo que se define pelo entendimento pessoal de que o mundo foi criado para si e pela incapacidade de compreender as relações entre as coisas (…) a criança está autocentrada.”
Uma vez que, até então, todas as necessidades básicas tais como fome, sede, sono, etc., são constante e instantaneamente satisfeitas, a criança acredita que a ocorrência de todos os fenómenos é para a satisfação plena e imediata das suas necessidades e desejos numa visão egocêntrica, animista e finalista da realidade. Assim, surgem explicações em que são atribuídas emoções e pensamentos a objectos inanimados como “ O Sol levanta-se”, “A Lua deita-se” e explicações dos fenómenos naturais como se fossem produzidos para lhes servir como todos os outros objectos: “ O Sol existe para me aquecer quando tenho frio”, “ A noite vem para eu ir dormir”, “A areia está na praia para em brincar”, etc.
Analogamente, a explicação que a Humanidade foi globalmente aceitando para os fenómenos que ia observando, baseou-se num elevado egocentrismo; Inicialmente com os deuses múltiplos, o Homem acreditava que a sua vida não se justificaria senão para os agradar, estando estes atentos a cada passo, a cada gesto. Uma boa acção teria então uma recompensa como uma boa colheita ou um período livre da ira da chuva, por exemplo. Ou seja, os deuses serviriam para assistir o Homem. Posteriormente, com o aparecimento da igreja, tudo se tornou mais simples de explicar, surgindo até a resposta para a razão da existência humana: Deus terá criado, num acto de inspiração divina, o universo e o mundo com toda a fauna e flora nele existentes, e colocado lá o Homem para o cuidar. O sol serve para iluminar, aquecer e permitir agricultura, os animais servem para o Homem se alimentar, a noite serve para terminar o dia e dar descanso, etc., tendo cada ser humano determinada e específica missão incógnita.
Esta visão limitada da existência humana e do meio em que este se encontra, não é mais do que a infantil forma como a criança, não sabendo o que vê, o explica como tendo alguma utilidade para ela própria. Porém, a criança não tem capacidade ainda, nem conhecimentos, para formular diferente explicação. Então porque razão, quando se torna adulta, não a reformula? Porque o ser humano, de tão habituada a olhar o céu e ver uma semiesfera forrada de negro veludo com alfinetes brilhantes colocados, não é capaz, de forma alguma, aceitar que a vastidão do universo é de tal forma imensa, que a importância da sua existência é nula.
E isto é simplesmente esmagador.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

TODOS SOMOS UNICOS
E ONDE QUER QUE ANDE UMA PESSOA ANDA OUTRA
TODOS SOMOS UM CIRCULO
TODOS FORMAMOS A HUMANIDADE

2/06/2008 5:02 da tarde  

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