segunda-feira, agosto 22, 2005

As palavras


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,

um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

2 Comments:

Blogger JNM said...

Obrigado por me teres linkado... è um privilégio.

8/23/2005 12:09 da manhã  
Blogger Vespinha said...

Olá!

Belo poema de E. de Andrade.

Obrigada pela tua visita num dia especial para mim.

Bj da Vespinha

8/23/2005 6:28 da tarde  

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