Rodei a cabeça e vi o outro lado.
Não havia verde.
A relva secara, o prédio caíra
O jardim morrera, a flor murchara
A esperança… desaparecera.
Não havia azul.
A água poluída, o tempo estagnado
O céu pesado, a vontade corroída
Os olhos… já fechados
Rodei a cabeça e vi o teu mundo.
Não havia olhares, já se tinham desiludido
Não havia palavras, já se tinham esgotado
Não havia luta, já estava perdida
Não havia vidas, o esquecimento já as apagara
E, no entanto,
Teus olhos azuis falaram-me palavras de verdade,
A ilusão verde da esperança ainda não a tinhas esgotado
E as marcas do teu caminho… teimavas em não as esquecer.
Teus olhos azuis
Mostraram aquilo que meu coração aceitou ver
E, apesar de não ter ouvido a tua voz,
Sei que a sua doçura me levaria a voltar a acreditar no mundo.
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