segunda-feira, setembro 19, 2005













Rodei a cabeça e vi o outro lado.

Não havia verde.
A relva secara, o prédio caíra
O jardim morrera, a flor murchara
A esperança… desaparecera.

Não havia azul.
A água poluída, o tempo estagnado
O céu pesado, a vontade corroída
Os olhos… já fechados

Rodei a cabeça e vi o teu mundo.

Não havia olhares, já se tinham desiludido
Não havia palavras, já se tinham esgotado
Não havia luta, já estava perdida
Não havia vidas, o esquecimento já as apagara

E, no entanto,
Teus olhos azuis falaram-me palavras de verdade,
A ilusão verde da esperança ainda não a tinhas esgotado
E as marcas do teu caminho… teimavas em não as esquecer.

Teus olhos azuis
Mostraram aquilo que meu coração aceitou ver
E, apesar de não ter ouvido a tua voz,
Sei que a sua doçura me levaria a voltar a acreditar no mundo.