Queria

Eu queria poder dizer-te tudo aquilo que sei. E que não sei.

Queria poder mostrar-te o meu mundo.

Eu queria poder ensinar-te tudo aquilo que em mim existe e que em mim é.

Queria poder existir.

Mas não sei mais falar e minhas palavras surgem presas naquilo que foram outrora os passos que juntos caminhámos. 

Não sei mais que mundo é este meu. Perdi minha morada no decorrer dos sentimentos lançados ao vento.

Queria ensinar-te. Mas não compreendo que luzes, que cheiros me envolvem, me empurram e me afastam de ti.

Existir. Para mim. 

Queria existir novamente. Como noutras Luas e noutros sóis fui.

Mas ao que parece quando se termina um capitulo, a capa do livro encerra-se. E erradamente chegamos a pensar que é possível fazer o ponteiro caminhar na direcção contrária. 

Queria poder ensinar-te e mostrar-te estes novos pedaços de mim.

Queria que visses que renasci. 

Queria poder dizer-te tudo aquilo que em mim vive de novo, que em mim surgiu, que de mim fugiu.

Queria que me visses.

Que me entendesses. Que percebesses o Eu de mim.

Porque se assim fosse,

se me visses.

Ouvisses.

Entendesses e Quisesses.

Então poderia largar esta minha ânsia de não te largar, não te perder. Poderia largar este meu medo de prender as cordas de ti.

E poderíamos novamente caminhar nossos passos.

Lentos.

Apresados.

Novos.

Estranhos.

Poderíamos acostumar-mo-nos às novas danças dos nossos corpos.

O meu.

E o teu.

E pela noite fora poderíamos deixar-nos levar pela música de nossos compassos.

Teríamos como testemunhas as estrelas e nosso segredo seria gravado no infinito do espaço.

Queria tanto dizer-te tudo o que sei. E o que não sei.

Queria ...

Queria tanto ter-te aqui.