Quando é que devo ser livre, quando é que devo parecer que sou, e quando estou entre estes estarei em perfeita harmonia?
Moscovo
02.04.06 Domingo
Já passaram dois dias e agora é que afinal…
Não entendo nada do que se passa à minha volta, mas no entanto, esta tudo tão correcto tão certo.
Nada do que antes me afligia, me aflige agora.
De tanto que tenho escrito, parece-me tão piroso: nevoeiros, nuvens, céu, sol, chuva, sombras, estradas. Imagens tão irracionais. Tudo isso não é o meu essencial.
Agora vejo carros sujos, vejo neve suja, e tudo isso é tão próximo à minha alma. Prédios ultrapassados pelos anos, abandonados. Uma vida que tem força apenas para a estrutura que a sustenta e em que não sobram forças para as aparências.
Esta cidade onde a vida não para, onde parece já não haver espaço para a beleza e em que tudo o que é belo está tão gasto. O Inverno leva tudo. A primavera traz para o exterior toda a sujidade do Inverno e leva-o também. A cidade sem ter morrido vai renascer. Mas todo este lixo é tão familiar, como posso amar quem não o ama.
As casas velhas e abandonadas dos tratos humanos, paredes sem tinta, papel de parede arrancado, descolado, banheiras enferrujadas, manchas de humidade nos tectos. Tanta tristeza, que me é tão confortável.
Esta cozinha onde se está, onde se convive. Não há quem compreenda a paz que sinto nesta altura, no meio de tanto abandono. Tanta paz, é tudo isto que me completa de uma maneira incrível. Era o que me faltava. Nunca me senti tão presente sem saber sequer o motivo da minha presença, sem conseguir ver o objectivo.
Não tenho sido eu mas também nunca desapareci. E também não é sobre isso que quero falar. Só sei que já há muito tempo que não me sinto como já me senti.
Quando voltar, sei que estarei diferente. Acredito, sinto ouvir essas palavras e há de acontecer, mesmo sem que eu repare nisso, ou já estou. Nunca vou voltar a ser o que era, jamais o quereria. Eu só quero viajar para a frente, e mesmo que não quisesse assim seria. Tudo ainda agora começou.
Não me esqueço de nada, lembro-me de tudo e o que não recordo agora, mais tarde me vai surgir. Há tanto que não sei, que não consigo entender mas quero. Quero tanto, que esta vida perece não chegar, mas não há nada melhor do que as alturas em que o nosso único dever é deixar o tempo andar.
Moscovo
02.04.06 Domingo
Já passaram dois dias e agora é que afinal…
Não entendo nada do que se passa à minha volta, mas no entanto, esta tudo tão correcto tão certo.
Nada do que antes me afligia, me aflige agora.
De tanto que tenho escrito, parece-me tão piroso: nevoeiros, nuvens, céu, sol, chuva, sombras, estradas. Imagens tão irracionais. Tudo isso não é o meu essencial.
Agora vejo carros sujos, vejo neve suja, e tudo isso é tão próximo à minha alma. Prédios ultrapassados pelos anos, abandonados. Uma vida que tem força apenas para a estrutura que a sustenta e em que não sobram forças para as aparências.
Esta cidade onde a vida não para, onde parece já não haver espaço para a beleza e em que tudo o que é belo está tão gasto. O Inverno leva tudo. A primavera traz para o exterior toda a sujidade do Inverno e leva-o também. A cidade sem ter morrido vai renascer. Mas todo este lixo é tão familiar, como posso amar quem não o ama.
As casas velhas e abandonadas dos tratos humanos, paredes sem tinta, papel de parede arrancado, descolado, banheiras enferrujadas, manchas de humidade nos tectos. Tanta tristeza, que me é tão confortável.
Esta cozinha onde se está, onde se convive. Não há quem compreenda a paz que sinto nesta altura, no meio de tanto abandono. Tanta paz, é tudo isto que me completa de uma maneira incrível. Era o que me faltava. Nunca me senti tão presente sem saber sequer o motivo da minha presença, sem conseguir ver o objectivo.
Não tenho sido eu mas também nunca desapareci. E também não é sobre isso que quero falar. Só sei que já há muito tempo que não me sinto como já me senti.
Quando voltar, sei que estarei diferente. Acredito, sinto ouvir essas palavras e há de acontecer, mesmo sem que eu repare nisso, ou já estou. Nunca vou voltar a ser o que era, jamais o quereria. Eu só quero viajar para a frente, e mesmo que não quisesse assim seria. Tudo ainda agora começou.
Não me esqueço de nada, lembro-me de tudo e o que não recordo agora, mais tarde me vai surgir. Há tanto que não sei, que não consigo entender mas quero. Quero tanto, que esta vida perece não chegar, mas não há nada melhor do que as alturas em que o nosso único dever é deixar o tempo andar.
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