quinta-feira, maio 04, 2006

Morte

No fim de semana passado estive no III Congresso das Ciências e Técnicas Laboratoriais e Intervenção Comunitária onde o Prof. Dr. Pinto da Costa (Instituto de Medicina Legal do Porto) deu uma palestra.

Segundo ele, enquanto que no século que terminou o assunto tabú foi o Sexo, neste século o assunto de eleição para suscitar simultâneamente curiosidade e incómodo é a Morte. Talvez...

A verdade é que a morte, quer queiramos quer não, deixa sempre aquela sensacão estranha no ar de não se saber bem se se deve fingir que ela não existe (pelo menos para nós) ou então que um determinismo fatalista a trará mais dia menos dia e por isso o melhor a fazer é acautelarmo-nos não vá ela estar escondida atrás da próxima esquina.

Hoje morreu o avô de amigo meu.
Por muita simpatia que por ele tivesse, e muita amizade que tenha pelo meu amigo não consigo de forma alguma escandalizar-me com a acção mais natural da vida: a morte!
Talvez seja frieza que o mal da área profisisonal que desejo integrar (Medicina Legal) me traz, talvez seja repulsa pela frenética procura da imortalidade por parte da humanidade... Talvez seja uma visão optimista de que tudo se acaba e tudo se renova, talvez seja uma necessidade, ou mesmo inconsciência auto-infligida...

Por muito que respeite os mortos, e acima de tudo os vivos, não consigo escandalizar-me com a morte!

Quero aqui deixar os meus sentimentos pelo avô do meu amigo, quero dizer-lhe que a morte apenas traz o cessar de momentos, não os apaga nunca! E tudo aquilo que somos, fazemos, partilhamos, damos, demonstramos não desaparece com o parar de respirar.
Quero dizer-lhe que tudo isso fica escrito na história daqueles que vivem, e ficará escrito na história daqueles que continuarão...

A tristeza que quem parte nos deixa dói, faz-nos sentir pequeninos, abandonados... Mas a alegria tão grande que essa pessoa durante toda a nossa vida nos deu é bem capaz de superar tudo isso! Basta deixarem que nos lembremos de que somos mortais...