Aqui, neste quarto solitário
Aqui, onde me encontro sentada, numa cadeira velha, pensativa com o que não interessa, vejo-me nesta sala fechada ao mundo, isolada dos sons, num cenário de claustro solitário como um porto de abrigo e ouço o que o mundo revela aos poucos na presença de uma luz fosca de uma vela por acabar.
Na minha mesa tenho uma pena e tinta. Pego-lhe e acariciando-a inicio movimentos num papel rasgado. Olho para a cama por fazer e penso que eu própria um dia a habitei! Está fria...tem falta de alguém!
Visualizo pessoas no rés-do-chão que dançam ao barulho de um rádio, outras tantas que cirandam sem saber o seu rumo. No entanto, foco-me num pianista que imite uma melodia que me não é estranha.
Um carro passa apressadamente. Um portão grande de metal fecha-se.
Meu deus... sinto-me apavorada! Deixem-me voar sem asas para o sítio daqueles como eu!
Ahh...sossego! Olho para a lua que me sorri e vejo as nuvens a passar devagar em seu redor. É irreal a noite que sinto em mim... Mas o único pensamento que me surge é de minha presença na imensidão de um quarto abafado. Sou eu mais uma vez, só eu...neste ambiente de fantasias!
1 Comments:
"Deixem-me voar sem asas para o sítio daqueles como eu!"
gostei muito do que escreveste. mas gostei particularmente desta pequena frase perdida no texto... voar sem asas... Deixem-me voar sem asas...
sim, porque se pode voar sem asas!
pode-se voar sem nunca se sair da mesma cama, do mesma rotina que nos aprisiona.
pode-se voar sem asas para fora de um quarto solitário a qualquer altura e pode-se voar sem asas para qualquer sitio que a nossa plataforma imaginária permita. Basta deixar-mos que a nossa mente se liberte e percorra sitios e mundo nunca antes pensados, nunca antes sentidos...
parabéns mais uma vez pelas tuas palavras...
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