terça-feira, dezembro 23, 2008

perfeito desconhecido

olhei para ele. sentado no sofá vermelho ao telefone. e aquela conversa da hora de almoço não parava de ecoar na minha cabeça:

"- se queres sexo não o podes procurar no teu amigo! pode até ser ter amigo há vinte anos . . desde esse momento acabou-se. se queres sexo vais ter com o marido da tua amiga ou procurar um perfeito desconhecido.

- um perfeito desconhecido?

- vais ao bar e escolhes o mais desajeitado, vais à livraria e escolhes o que tiver o ar mais inteligente. No shopping escolhes o mais aterefado e na paragem o mais tímido. Nao interessa. Na verdade, nunca muda a personagem, só muda o papel.

- um perfeito desconhecido?

- há-de sê-lo sempre para ti. nâo penses que é possível conhecer as pessoas. trocas números de telefones, de alianças, partilhas filhos e mesmo assim nunca hás de o conhecer. as pessoas não são para as conhecermos. são para as Vivermos . Por isso escolhe o papel que queres para aquela noite e leva-o contigo. leva-o sempre contigo, não te deixes ir com ele . depois o teu corpo acaba por se habituar ao cheiro da cama e os teus ouvidos ao som da porta a fechar e perdes-te no meio de tudo isso . não são precisos nomes nem dedicatórias . nao precisas fingir nem fugir. és quem desejares ser e no fim, serves café e pedes que não faça barulho quando sair. simples. 

- simples. "