domingo, novembro 02, 2008

Insónias


Luzes passam por buraquinhos infinitos num amanhecer e anoitecer qualquer.
Crepúsculos enraivecidos cirandam numa dança sem rumo definido. Chamam por mim. Aceno-lhes! Não posso...não poderei!
O meu corpo está imóvel numa cama a arder de enfermidade.
Limito-me a ouvir... sim limitar-me-ei a ver com os ouvidos. Um silêncio que se emprenha é mortífero mas acalma.
Uma janela que não dá para sítio algum bate bruscamente. Alguém que está perto faz barulhos estranhos e ruidosos enquanto parece dormir.

Ahh...um carro!! Sim, oiço o motor de um carro! Virá para aqui? Será que aqui é o seu destino? Vem-me buscar imploro-te...leva-me contigo para outro mundo que não este...leva-me para aquele que tu tão bem conheces de caminhos distantes e desconhecidos e que tu vais quando bem te apetece porque tu podes! Anda só mais um pouco!! Isso!! Não, não vem...continua a sua marcha lenta para outra direcção, com outro destino numa estrada longínqua.
Não desistirei. Não hesito e esforço-me para ouvir os sons do mundo, da vida, dos outros.
No entanto, nesta frenética loucura, o tempo esgota-se e eu canso-me, eu choro-me, eu acalmo.me, eu durmo!

Um novo amanhecer virá...e um outro anoitecer também!